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ONU aponta ligação entre apps de paquera e uma nova epidemia de HIV



Um estudo da Organização das Nações Unidas concluiu que o uso de aplicativos de paquera contribuiu diretamente para a formação de uma nova epidemia de HIV na Ásia.


Os resultados, divulgados pelo The Guardian, revelam uma explosão na quantidade de infecções entre gays de 10 a 19 anos na região Ásia-Pacífico, onde vive mais da metade dos 1,2 bilhão de adolescentes do mundo.


Foram dois anos de pesquisa até que se chegasse às conclusões, que, embora apontem diretamente para os aplicativos, deixam nas entrelinhas que o problema está ligado ao preconceito sofrido por homossexuais. 18 países da região possuem leis que criminalizam relações entre pessoas do mesmo sexo, então quem está contaminado evita procurar ajuda médica por temer represálias, assim como deixa de falar sobre o assunto com os parceiros.


O Guardian falou com um filipino de 30 anos que explicou como os aplicativos estão ajudando a criar uma sensação de liberdade em lugares onde os homossexuais são naturalmente criminosos. Quando estava na universidade, o homem procurava parceiros usando sites de encontro, mas o processo não era tão simples, porque seria necessário conversar por um tempo, concordar em alugar um quarto por algumas horas e se deslocar até o local.


Com aplicativos isso muda, já que os serviços são baseados na localização em tempo real. “Mesmo se você ainda está na escola e sente a necessidade de fazer sexo, basta apenas abrir o Grindr”, contou ele, se referindo a um app que funciona como um Tinder para a comunidade gay.


Tudo acontece de forma rápida, e é aí que mora o perigo. Como não podem falar abertamente sobre sexualidade, muitos desses jovens não possuem informações suficientes acerca dos perigos do sexo sem proteção e acabam se expondo à contaminação. Nas Filipinas, a quantidade de infecções de jovens por HIV dobrou nos últimos quatro anos, enquanto em Bangkok os jovens gays têm uma em três chances de contrair o vírus.


“Aplicativos de paquera essencialmente te prendem a uma rede central”, disse ao Guardian a conselheira da Unicef Wing-Sie. Um porta-voz do Grindr ressaltou ao jornal que a idade mínima para usar o app é 18 anos. “Como maior plataforma gay do mundo, levamos as questões de saúde sexual muito a sério”, afirmou. O app exibe propagandas sobre o tema aos usuários que possui em 196 países - inclusive no Brasil.


Esta não é a primeira vez que apps do gênero são ligados a doenças sexualmente transmissíveis. Em setembro, um grupo de combate à AIDS espalhou banners publicitários em Los Angeles em que era possível ver a silhueta de casais formados pelos personagens “Tinder e clamídia” ou “Grindr e gonorréia”
A ação gerou críticas das empresas, mas o presidente da entidade responsável, Michael Weinstein, disse que a campanha seria mantida. “Não somos contra esses aplicativos - não estamos tentando tirá-los do ar”, garantiu o executivo. “Mas a realidade da questão é que existe uma conexão entre esses sites de paquera e um aumento que temos visto nos casos de DST.

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